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Comunicado

Depois de pouco mais de cinco anos de luta, a Rede Extremo Sul chega ao fim. Foram inúmeras experiências cheias de significado, que trouxeram acúmulos importantes na mobilização do poder popular, sem líderes e nem patrões, e como não poderia deixar de ser, que também nos expuseram a limites e a contradições que só têm se acirrado na atual conjuntura conservadora que enfrentamos.
Os processos organizativos em curso seguirão seu caminho de luta sem a participação do movimento. Nesse momento, iremos cuidar da elaboração de nossa caminhada, com o intuito de compartilhar essas reflexões com camaradas de trincheiras, e tomar essas experiências como ponto de partida para a construção de novas experiências organizativas mais radicais, autônomas e capazes de enfrentar os limites encontrados e de contribuir para o avanço das lutas populares.
Todo poder ao povo!

Vídeo: educação no Jardim da União

CAMPANHA “JARDIM DA UNIÃO RESISTE!”

Mais um vídeo de nossa campanha contra a reintegração de posse da Ocupação Jardim da União. Um pouco da creche popular Filhos da Luta e de outros espaços de Educação feitos de nóis para nóis.

Ainda tem muito sobre a educação nessa terra de gente guerreira, retratados nos próximos vídeos. Jardim da União Existe e Resiste!

TODO PODER AO POVO!

OCUPAÇÃO JARDIM DA UNIÃO CONTRA A REINTEGRAÇÃO DE POSSE!

Noticiamos há algum tempo que foi feito um novo pedido de suspensão do processo de reintegração de posse contra o Jardim da União, assinado por nós, mas também pela CDHU, e com o apoio da Secretaria Municipal de Planejamento e da Secretaria Estadual de Habitação. A juíza do processo pediu uma manifestação do Ministério Público, e apesar de uma manifestação favorável do Promotor, apoiando a suspensão pelo prazo máximo (180 dias), foi publicado ontem (01/04) que a juíza assinou uma suspensão de apenas 90 dias!
Apesar das inúmeras reuniões que tivemos com os governo municipal e estadual, nada de concreto foi encaminhado. Nossa luta e nossa ocupação não são de mentirinha, e portanto as “soluções” propostas pelos governantes – assinar um papel prometendo moradias -, não serve para nós. Não somos profissionais de negociação que saltam de reuniões em reuniões, enquanto as pessoas que sofrem sem moradia passam anos num impasse, sendo de tempos em tempos chamadas para protestos e assinando listas de presença, como se fossem gado ou funcionários alienados, batendo cartão e atendendo às ordens do “patrão- movimento”.
O sofrimento, a dedicação e a luta dos membros do Jardim da União é real, e não admitiremos que nenhuma família seja lançada à rua. Responderemos à altura a violência do Estado. O Jardim da União Existe e Lutará Até o Fim! Todo Poder ao Povo!

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https://www.facebook.com/pages/Rede-de-Comunidades-do-Extremo-Sul-SP/267222963309434?fref=ts

VÍDEO: FILHOS DO JARDIM DA UNIÃO

Para homenagear as mulheres guerreiras e nossas crianças, publicamos um vídeo que fala dos bebês que nasceram na ocupação e que estão crescendo na luta bonita do jardim da união. Mães e pais contam da decisão dos pequenos viverem e serem educados na vida coletiva e na luta direta. Quanta vida gerada nessa terra fértil que é a Ocupação Jardim da União!
Como diz a música que cantamos:
“Nossos filhos nascerão com o punho levantado!” “Mas me diga, camarada, se essa terra é do patrão???”
Jardim da União Existe e Resiste!

https://vimeo.com/121132086

Ocupação Jardim da União Resiste!

Noticiamos em julho que, após uma ocupação da CDHU (ver aqui), foi firmado um compromisso de suspensão do processo de reintegração de posse contra o Jardim da União, por um prazo de seis meses. O judiciário aceitou esse pedido, e o processo foi suspenso até o dia 5 de dezembro.
Esse tempo passou, e apesar de muitos esforços feitos desde o início da Ocupação, em meados de 2013, ainda não conseguimos emplacar um projeto habitacional que atenda a toda a demanda da Ocupação, e por isso novo compromisso de suspensão do processo de reintegração foi firmado com membros do governo municipal e estadual neste mês de dezembro de 2014. Acontece que, dessa vez, a juiza está oferecendo resistência em aceitar o pedido, e solicitou uma manifestação do Ministério Público.
A intensa luta de centenas de famílias fez com que os governos reconhecessem a legitimidade de suas reinvidicações. Assim, o próprio proprietário do terreno, a CDHU, que entrou com a ação de reintegração de posse, solicitou nova suspensão do processo. Além disso, em acordo com o governo estadual, o governo municipal produziu um relatório descrevendo diversas ações realizadas no sentido de garantir uma solução definitiva à demanda do Jardim da União.
Diante disso, como pode então o judiciário se opor a esse pedido? Como pode não enxergar um despejo só geraria novas ocupações, e aumentaria o problema? Como pode ignorar que as famílias em luta foram vítimas de grandes ondas de despejo em massa e de explosão dos preços dos aluguéis, motivadas pela especulação imobiliária? Como pode fazer vista grossa diante da violação sistemática do “direito à habitação” e da necessidade de cumprimento da função social dos latifúndios abandonados por décadas, no extremo sul da cidade? Como pode esquecer que enquanto milhares de pessoas foram violentamente arrancadas de suas casas, nenhuma moradia popular foi construída na região? Como é capaz de esquecer que a luta da população é imprescindível para o enfrentamento das mazelas sociais, e para fazer valer aqueles “direitos sociais” que o judiciário teria função de defender?
Se o pedido de suspensão não for aceito, e se houver qualquer ameaça de reintegração de posse, resistiremos, pois não aceitaremos que nossa comunidade seja destruída, e que qualquer um de seus membros seja atirado à rua. Todo Poder ao Povo!

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Às Empreiteiras, Tudo! Ao Povo em Luta, Nada…

Há mais de um ano, quando sentamos pelas primeiras vezes com membros da Prefeitura para discutir a situação de algumas ocupações do Grajaú, ficávamos surpresos quando ouvíamos a Subprefeita Cleide Pandolfi falar com tranquilidade que os terrenos municipais estavam reservados “às nossas empreiteiras”. Sabíamos que existiam fortes vínculos entre as grandes construtoras e os governos, mas pensávamos que a coisa não era tão escancarada.

Achávamos que com a multiplicação das ocupações e das lutas por moradia esse quadro poderia mudar, mas ele só piorou. Repete-se incessantemente que o “poder público” não pode direcionar recursos para o atendimento de uma demanda específica, apresentada por um movimento popular, por exemplo, pois isso “furaria” a “fila de espera”. Mas permitiu-se que as empreiteiras firmem acordos com os “movimentos sociais” para que essa demanda seja direcionada. Ou seja, os governos não podem avaliar a legitimidade e a necessidade de atendimento de uma demanda específica, por meio de critérios rigorosos e francamente debatidos, mas as empreiteiras podem fazer isso, sem nenhum tipo de discussão.

Fora isso, não se apresenta as tais listas de espera, e nem se discute seu verdadeiro caráter. Totalmente desacreditadas, objeto de comércio e de barganha político-eleitoral, essas tais listas existem justamente porque a questão habitacional e urbana é gravíssima, e não existe perspectiva de resolução dela por parte do Estado. Trata-se de um “engana trouxa” e de uma forma de naturalizar e legitimar a falta ou a precariedade da situação de moradia de milhões de pessoas. É um absurdo, que vira argumento para criminalizar quem luta para combater esse quadro. O “Programa Minha Casa, Minha Vida”, que se tornou praticamente a única política habitacional do país, é dominado por uma dúzia de grandes empreiteiras – tradicionalmente, as principais financiadoras de campanha -, que recebe a garantia do governo de lucros extraordinários, sem risco, muitas vezes em troca de obras mal localizadas e de péssima qualidade, que submete os seus empregados a condições degradantes de trabalho etc.

Uma pequena fração desse assalto bilionário (cerca de 1% do orçamento total do programa), seria usada para atender à demanda de movimentos sociais, por meio de “entidades”, e quando isso ocorre, cerca de 2% do valor total dessas obras vai para o caixa desses movimentos, o que muitas vezes compra a sua subserviência e acaba com qualquer compromisso com a luta contra a desigualdade, a exploração, e pela construção de relações sociais de cunho solidário e emancipador. No interior desse grande “pacto” envolvendo Estado, grandes grupos econômicos e movimentos sociais, até a pequena brecha para a realização de obras autogeridas é fechada, e tudo fica entregue à podre aristocracia imobiliária, cujas maracutaias atingem uma dimensão tão ampla e estrutural que não dá mais para esconder, como a grande mídia tem noticiado em relação à tal “Operação Lava Jato”.

Num contexto brutal como esse, que acorrenta definitivamente a questão habitacional e os governos aos interesses vorazes e destrutivos do capital imobiliário, e converte os movimentos de moradia em lobistas, que seguem rigorosamente as regras desse jogo podre, e se limitam a brigar por migalhas desse “bolo”, torna-se utopia questionar coisas fundamentais, sem as quais nada muda: a propriedade privada, o império do lucro, a necessidade de pensar o espaço urbano como um todo, sem apartar a questão da moradia das demais dimensões essenciais da vida, como o deslocamento, a produção da cultura e da comunicação, a saúde, e assim por diante. Enquanto não sairmos dessa inércia e do pragmatismo, encarando sem jogo de cena os verdadeiros embates, continuaremos escondendo nossa impotência por detrás de falsas conquistas. Além de uma meia dúzia de burocratas, quem lucra com isso são os nossos inimigos. E nós continuamos acumulando derrotas, e perdendo a capacidade de reação e de construção de outros caminhos.

Biblioteca do Jardim da União

Inauguração da Biblioteca “La Lucha”

Pequeno registro da inauguração da Biblioteca “La Lucha”, do Jardim da União. Mais um espaço de organização feito por nós, para nós. Todo Poder ao Povo!

Mensagem Eleitoral

Ocupação Jardim da União

Vai pensando que tá bom…
Aqui não tem otário, nosso coração é revolucionário!

vai tomar um pau

Sexto Relato da Trincheira – Jd da União

Sexto Relato da Trincheira – Jd da União

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Pequeno registro de uma intervenção dos companheiros da Trupe da Lona Preta, apresentando o Concerto da Lona Preta. E na semana passada, a Trupe esteve numa reunião apresentando o Perrengue da Lona Preta e contribuindo com a nossa reflexão sobre as opressões que sofremos e a necessidade de nos organizarmos para combatê-las.

É o teatro e a luta se confundindo! Todo Poder ao Povo!

Jd. da União ocupa a CDHU nesse momento!

CDHU ocupada!!

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Cooperativa de Costura do Jardim da União

Ocupar, Resistir e Produzir

coopUm duro conhecimento que adquirimos no dia a dia, e que muitas vezes tentamos ignorar, para não cairmos no desalento, é que não somos senhores da nossa própria existência. Que influência a gente tem em relação a coisas tão importantes de nossa vida, como o tipo de educação que nossos filhos recebem, ou o tipo de atendimento médico que recebemos quando estamos doentes?

Deixamos tantas coisas sob o controle das empresas e do Estado, e qual é o resultado? Uma escola que mais parece uma prisão, um hospital que mais parece um matadouro, um sistema de transporte que nos massacra, um emprego que nos escraviza, e por aí vai.

Estamos aprendendo que se quisermos nos libertar dessa imensa teia de opressões, a luta pela moradia deve se desdobrar em várias outras. Os muros e cercas que protegem imensidões de terras abandonadas e nos impedem de ter acesso a uma moradia digna são semelhantes aos que nos acorrentam à batalha cotidiana pela sobrevivência, ao trabalho árduo, à submissão, e à insegurança sobre o dia de amanhã.

Para nós, a luta pela moradia significa acabar com o império das empreiteiras e do lucro, tomando em nossas mãos a responsabilidade pela produção de nossas casas e das nossasentrada comunidades, como uma tarefa coletiva. E como uma comunidade não é feita apenas de casas, temos nos esforçado para encarar vários outros desafios, ainda que de modo muito humilde e modesto. Um deles é a questão da geração de renda, e nesse sentido um conjunto de pessoas estão se esforçando bastante para consolidar nossa Cooperativa de Costura, um espaço de trabalho auto-organizado, sem patrão, onde todos ganham igual, de acordo com as horas trabalhadas, e onde todos são responsáveis pelo planejamento e pela tomada de decisões.

periferia lutaDiversos produtos como toalhas, bolsas, camisetas já estão à venda, e a Cooperativa está recebendo encomendas. Todo apoio a essa iniciativa é muito bem-vindo. Confiram a página da Cooperativa de Costura no facebook (aqui), e ajudem a divulga-la! Todo Poder ao Povo!

 

Imagens da Luta de Cada Dia

sambadela

alfabetizacaoMutirões de energia, de água e de limpeza, trabalho na roça, aula de alfabetização, atividades com as crianças, aula de capoeira, escolinha de futebol, aula de espanhol, formação sobre a “luta da moradia ontem emulheres 1 hoje”, encontro “mulheres na luta”, samba com o grupo Sambadela e com a participação das companheiras e dos companheiras da Cooperativa de Catadoras da Granja, apresentação dos princípios políticos das mulheres docontação Jardim da União… Essas e outras atividades marcaram o final de semana no Jardim da União, num exercício cotidiano de construção do poder popular. Todo Poder ao Povo!

principios das mulheres

Encontro Mulheres na Luta

Lutadoras de todos os dias

ENCONTRO MULHERES 2 A forma de luta das ocupações, além de afirmar a urgência de uma das necessidades mais básicas de qualquer pessoa  – que é ter um lugar para viver – possibilita uma experiência de vida coletiva intensa. Essa vida coletiva favorece a solidariedade e o exercício de tomar as rédeas da produção da vida, mas também coloca enormes desafios para a organização popular que se dá numa sociedade violenta, individualista e cheia de formas de opressão.

Diante de situações de violência contra mulheres no interior da ocupação, como as que acontecem nas outras quebradas, algumas de nós decidimos agarrar a chance que temos de nos organizar no lugar que vivemos, e começamos a nos encontrar, a contar e ouvir nossas histórias, quase sempre difíceis demais, e a nos ajudar. Decidimos começar a escrever alguns princípios das mulheres de nossa comunidade, e a pensar em pequenas ações para intervir em nosso cotidiano.

No sábado que vem, dia 15, as 15h, vamos fazer uma breve prosa com todos os companheiros e companheiras que queiram compartilhar conosco este pequeno momento da construção da luta. E vai ter um samba feito pela mulherada do grupo Sambadela, pra toda comunidade. Vamos comemorar a força das mulheres e os 5 meses de nossa resistência e luta do Jardim da União no Varginha (e pra lá de 8 meses desde as ocupações no terreno do Itajaí).

E desejamos, daqui do extremo sul, força à todas as mulheres que lutam! Pois sabemos que nossa liberdade será fruto das ações. Periferia luta! 

Alfabetização no Jardim da União

Alfabetização (leitura e escrita) - no Jardim da União

Alfabetização (leitura e escrita) – no Jardim da União

A Luta das Ocupações do Extremo Sul – Parte II

Nossa proposta inicial era unir as lutas de cada ocupação de nossa região para ter mais força para conter os despejos e encaminhar projetos de construção habitacional feitos e geridos pelo povo, de modo coletivo. Mas sabíamos que este processo também seria difícil e, de fato, estamos assistindo a revolucaosucessivos despejos, por um lado, e por outro, a um lamentável processo de amoldamento das demandas populares, quando em algumas ocupações, as autodeclaradas “lideranças”, em meio a abraços e apertos de mão com os burocratas, em negociatas por benefícios próprios, acabaram por aceitar que o plano das empreiteiras, de politiqueiros, de grileiros e dos gestores políticos se cumpra. Assim, estão sendo feitos acertos para que as grandes empreiteiras construam apartamentos de péssima qualidade, sem participação popular, promovendo um enorme adensamento populacional numa região que não possui estrutura para isso, e que é ambientalmente frágil, e em troca se promete a destinação de uma pequena parte dos apartamentos construídos para o atendimento da demanda das ocupações.

Como sempre, quem se lasca são os trabalhadores e trabalhadoras que sonhavam em sair da opressão pela falta de um teto.

A falta de unidade entre as ocupações apenas revela uma disputa política: poder popular, autonomia política e construção coletiva são ideias impossíveis de construir a partir de vínculos partidários ou dos oportunismos de diversos tipos. Felizmente, de nosso ponto de vista, algumas ocupações aderiram à proposta de negar o clientelismo, a troca de favores, a delegação de poder aos “negociadores”, a presença de vereadores e seus advogados oferecendo “solução” etc., para encarar o desafio de criar formas próprias de organização e de luta. Assim, apesar do desgaste de seis meses de luta cotidiana as Ocupações Jardim da Luta (Gaivotas), Recanto da Vitória (Lucélia) e Jardim da União (primeiro no Itajaí e agora no Varginha), permanecem unidas.

E mais importante que isso, existem nelas alguns processos organizativos bastante promissores. Na nova ocupação do Jardim da União, por exemplo, não dividimos os terrenos em lotes para minimizar o individualismo e para combater a “síndrome dos pequenos proprietários privados”, a ideia de que “isso aqui é meu, ninguém tasca, e ninguém tem nada com isso”. Se é a propriedade privada que está em jogo, seria preciso colocá-la em discussão de saída… Também pensamos ???????????????????????????????que a demanda concreta, imediata, tem que ser realizável. Por um lado, não adiantaria nada colocar mil pessoas onde cabem 100 casas, só para termos maior capacidade de mobilização e de pressão política, pois isso seria iludir as pessoas, e brincar com suas necessidades mais básicas. E é fácil ver que hoje, diante do enorme poder das empreiteiras e imobiliárias, nenhum movimento terá acesso a terras e recursos suficientes para atender demandas imensas. Por outro lado, nosso objetivo não é apenas quantitativo, mas com base nas lutas imediatas, queremos criar outras relações sociais, construir processos de longo prazo e que ultrapassam a conquista da moradia. Por isso, em função das poucas pernas que temos, não é possível desenvolver processos de organização desse tipo envolvendo um número muito grande de pessoas.

2Como partimos do pressuposto de que as pessoas não são gado, nem devem servir apenas como braços, pernas e gargantas, e que as decisões não podem ser tomadas por uma cúpula, que apenas comunica a “massa” nas assembléias e espaços do gênero, etc. temos tentado instaurar formas de organização que são constantemente repensadas e transformadas, de modo a evitar a cristalização de relações de poder e de favorecimento pessoal.

Assim, nestes 3 primeiros meses de ocupação experimentamos a eleição de uma estrutura organizativa interna, rotativa, e revogável em grupos de ocupantes. Também tínhamos criado uma coordenação geral da ocupação que foi substituída por reuniões semanais temáticas (infraestrutura, educação, mutirao barraco coope cultura, etc), para discutirmos o que precisamos e que podemos fazer por nós mesmos em nossa nova comunidade, e dividir as tarefas de organização interna, num constante exercício de auto-organização, que em geral se materializa em diversos tipos de mutirão.

Com isso, além das lutas diretas, que encaramos como espaços de formação, de planejamento, de execução e de avaliação coletivas, temos buscado construir atividades de educação, cultura, comunicação, infraestrutura, esportes, informática etc. E como em nosso movimento batalhamos pela não hortaprofissionalização da militância, para que não se reproduzam formas empresariais ou estatais de diferenciação pela hierarquia, ou dependência de um “salário” para organizar a luta, mas também para mantermos autonomia política e financeira em relação a empresas, ONGs, partidos políticos, centrais sindicais etc, estamos tentando colocar em funcionamento cooperativas autônomas de produção.

Sabemos que todos esses esforços representam muito pouco diante das inúmeras formas de violência que nos oprimem, sobretudo numa conjuntura tão acirrada e complexa neste ano de Copa do Mundo, eleições etc., que promete possibilidades,vandalo estado mas também grandes riscos aos movimentos populares. Ainda assim, acreditamos que o amadurecimento e a multiplicação desses tipos de experiências organizativas são fundamentais para a construção do poder popular.