MEMÓRIA DE 21 ANOS DO MASSACRE DO CARANDIRU




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Com a tag Carandiru, Criminalização, encarceramento, repressão
O Massacre do dia 2 de Outubro de 1992 no Carandiru foi relembrado nesta terça feira com um ato organizado pela Rede 2 de Outubro, saudando os 111 mortos computados, os outros tantos ocultados e seus companheiros sobreviventes. O ato inter-religioso deu início à manifestação que não só relembrava o massacre ocorrido, mas que também discutia os massacres atuais que fazem vítimas nas prisões e nas periferias, matando aos montes ou aos poucos, criminalizando os familiares e aprisionando cada vez mais.
Foi com falas, poesias e músicas que se reafirmou o dia 2 de Outubro como o Dia pelo fim dos massacres. O ato continuou com uma passeata até o Tribunal de Justiça e de lá seguiu para a Secretaria de Segurança Pública, onde se acenderam velas em homenagem à todas as vítimas do massacre do Carandiru e à todos os que continuam, cotidianamente, sofrendo com a violência do estado em todas as suas formas.
A indignação continua presente, os 111 e seus companheiros e familiares continuam presentes. A luta permanece e estará sempre presente onde houver memória.
A Caminhada contra os Massacres, que ocorreria neste sábado, no Parque da Juventude, foi adiada. Quando for definida a nova data, divulgaremos.
POEMA PARA UM 2 DE OUTUBRO
Elvio Fernandes Gonçalves Junior
Cento e onze enterrados no chão.
Cento e onze de sangue quente,
derramado no frio da prisão.
Cento e onze no chão e a maioria, indiferente…
Cento e onze, carne crua, crueza!
Cento e onze e nenhuma certeza
pois as palavras de Ubiratan
valem por uma de satã…
Quem pagava com tempo
acabou pagando com a vida.
O fuzil na mão
contra a mão desnutrida,
O fuzil e a rajada
contra a mão desarmada,
O fuzil sem perdão
disparado pela mão desalmada.
Cento e onze no chão
e nenhuma pessoa envolvida foi condenada.
Derramado sem compaixão
abafado pelo judiciário da carniça
o sangue escorre ainda pelo vão
da memória, pela mão da injustiça.
Sessenta e oito envolvidos
não tornaram-se detentos,
– Porra! Filhos da puta! –
Os cento e onze já tinham se rendido!
Será que o ouvido
ainda escuta o grito? o gemido?
o choro? o medo? a dor?
O som da matilha
abafa o choro da família
Triste, triste essa história.
Cento e onze na memória.
Cento e onze e a súplica
que não devemos esquecer nunca
lancinante como um tiro na nuca
O choro da família ecoa ainda.
Cento e onze e um sofrimento.
Cento e onze e um desalento.
Cento e onze e a dor não finda.
Cento e onze, eu repito!
Cento e onze vítimas da violência,
cento e onze vítimas da brutalidade,
cento e onze vítimas da realidade
maldita do sistema carcerário,
do sistema da justiça brasileira!
Essa é mais uma nódoa de sangue na memória
rubro viscoso no verde da bandeira!
mácula forte manchando a história brasileira
feita do sangue de quem morreu injustiçado
e da gargalhada de quem se esconde acomodado.
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Com a tag Carandiru, Criminalização, encarceramento, Estado, lutas
Há 20 anos, depois de uma rebelião que resultou de uma briga banal entre presos, mais de 111 detentos foram fuzilados pelas forças do Estado, suas carnes foram estraçalhadas por balas e cachorros raivosos, seus corpos foram lançados em caminhões de lixo e recolhidos pelos próprios companheiros de cárcere. Desarmados, acuados e sem reação, esses homens foram executados por policiais militares, sob as ordens diretas das “autoridades públicas”, filhos da Ditadura Militar.
“Mas o que eu tenho a ver com isso?”, a maioria das pessoas se pergunta. Afinal: “Bandido bom é bandido morto”.
E, de fato, o número de mortes causadas pela polícia brasileira é assustador, vitimando pessoas que cometeram delitos, mas também muitos “suspeitos”, automaticamente culpados por serem pobres e negros.
“Lugar de bandido é atrás das grades”.
E as prisões se multiplicam e estão cada vez mais lotadas, com a explosão no ritmo do encarceramento.
“O problema do Brasil é a impunidade”.
Mas o pobre fica mofando na cadeia mesmo antes de ser julgado, e nas situações tão degradantes e torturantes do sistema carcerário 10 dias de cadeia já é uma punição terrível.
Assim, alguma coisa não está batendo. O Estado produz violência, e responde violência com ainda mais violência, para os aplausos de muitos. Ainda assim, os problemas não são resolvidos; pelo contrário, a situação só piora.
Então talvez as perguntas tenham que ser outras:
“Quem está atrás das grades?”. “Quem está sendo morto aos milhares?”. “Qual é a cor da pele da maioria dos presos e presas, e da maioria das vítimas da violência do Estado?”. “A que classe social essas pessoas pertencem?”. “Por que quando um pobre é morto a tal ‘opinião pública’ vira as costas?”. “O encarceramento em massa é a solução para a questão da violência?”. “Segurança é caso de polícia?”. “Quem se beneficia com essa situação de medo e de violência?”. “Quem converte essas desgraças em votos e dinheiro?”.
Enfim, os 20 anos do Massacre do Carandiru é uma ocasião para deixarmos de lado as respostas fáceis, e pensarmos a sério sobre as questões da violência e da segurança pública. Possíveis respostas não vão partir do Estados e das elites, mas do povo organizado.
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Com a tag Carandiru, Criminalização, Estado, lutas, poder popular
Bora chegar nas atividades em torno dos 20 Anos do Massacre do Carandiru, organizadas pela Rede 2 de Outubro – Pelo fim dos Massacres, junto com coletivos e movimentos parceiros!
Logo postamos a programação completa! Mas vale adiantar também que no dia 2 de Outubro faremos um ato começando na Praça da Sé, às 15h30, e no dia 6 teremos um ato no Parque da Juventude, onde era o Carandiru.
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Com a tag Carandiru, Criminalização, lutas, repressão
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Com a tag Carandiru, Criminalização, encarceramento, Estado