Junho de 2013, depois de um ano

Muito além dos 20 Centavos???????????????????????????????

Há um ano, em meio à onda de protestos contra o aumento da passagem, aqui em nossa região o agito foi grande: ocorreram grandes passeatas, ondas de saques e diversos confrontos com a polícia. Apesar de termos chamado o ato de comemoração da derrubada do aumento, em 20 de junho de 2013, dizendo que “20 centavos foi só o começo”, sabíamos que não foi nem o começo, e muito menos o final da luta.

Protesto dia 18/06/13

Sem se contaminar pelo discurso e prática “coxinha” da classe média, nacionalista e conservadora, no extremo sul de São Paulo as manifestações foram ganhando um sentido coletivo e cada vez mais radical, em grande parte pelo esforço conjunto de militantes de movimentos e coletivos que já tinham um histórico de intervenções e discussões na região, e que tiveram uma atuação efetiva nos protestos, refletindo sobre o significado da revolta popular e os riscos dela ser apropriada pelos conservadores, criticando o oportunismo eleitoreiro e o aparelhamento das lutas, realizando reuniões de planejamento dos atos, confeccionando coletivamente as faixas, os cartazes, etc.

Protesto dia 20/06/13

Com isso, enquanto no centro manifestantes brigavam entre si por pautas difusas e muitas delas colocadas pela grande mídia, por aqui, a marcha em comemoração à revogação do aumento contou com poesia, teatro, e muitas outras manifestações de união e coletividade. Provocou ainda desdobramentos importantes, como a formação do coletivo “Luta do transporte no extremo sul”, que se organizou durante as reuniões de análise da conjuntura, que ocorreram na sequencia dos atos, fortalecendo a articulação entre os grupos que já estavam atuando conjuntamente e ampliando para outros movimentos e outros coletivos de militantes de outras regiões e até de outras cidades.
Na sequencia das jornadas de junho de 2013 houve uma avalanche de ocupações de terra no extremo sul, que envolveu milhares de pessoas, e estimulou ocupações em outras regiões da cidade.

Por aqui, as ocupações deram origem a muitas experiências organizativas. Algumas rezam a velha cartilha, com suas “lideranças” autoproclamadas, boas de lábia, populistas, vinculadas aos politiqueiros locais, tentando colocar debaixo do braço aqueles “bocas abertas” que têm preguiça de pensar com as próprias cabeças e preferem ser tratados como gado. Em quase todas chegaram assessores de políticos ou militantes de movimentos, oferecendo advogados “milagreiros” buscando assim assumir o controle dos processos organizativos. Outras dessas experiências deram um pé no traseiro dos politiqueiros, e colocaram em primeiro plano a autonomia e a luta direta. Resistindo aos despejos e aos ataques dos governos e das grandes empreiteiras, algumas dessas ocupações permanecem de pé, e buscam se fortalecer e desdobrar suas lutas, numa experiência cotidiana de construção do poder popular.
O saldo desse processo ainda é indefinido. As ocupações irão ouvir o canto da sereia do Estado e dos candidatos, e se dobrar a negociatas? Ou será que vão aprofundar o caminho da auto-organização? Nesse caso, serão esmagadas ou conseguirão resistir?
Não sabemos, mas de todo modo, a nossa escolha foi feita: sempre contra a maré, vamos dedicar nossas forças a combater as burocracias e a fortalecer a organização popular de caráter revolucionário. Se tivermos êxito, esses esforços darão origem a outros movimento e a outras lutas, mais consistentes e radicais, num processo de longo prazo. Caso contrário, reconheceremos a queda, sacudiremos a poeira, e nos lançaremos a novas tentativas. Todo Poder ao Povo!

do centro pro graja. contra os massacres

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